quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Peixes elétricos

 Peixes elétricos

Grupo de de peixes conhecidos popularmente como sarapó, ituí, peixe espada. Possuem corpo alongado, a nadadeira anal é muito longa, e não possuem as nadadeiras dorsais, ventrais e, freqüentemente, também a caudal. São lentos e se movimentam graças a ondulação da nadadeira anal; são delicados e sensíveis às reduções de taxa de oxigênio dissolvido na água.

Estes peixes se orientam através de um campo elétrico que emitem. Possuem um aparelho receptor relacionado com a linha lateral, que capta qualquer modificação do campo elétrico. Esse campo é alternado, pois, se fosse contínuo causaria a eletrólise da água, e também tornaria mais difícil a detecção dos objetos pela distorção do sinal. O campo flui no sentido da cabeça à cauda.

Eles necessitam deste órgão porque na natureza geralmente habitam águas turvas e possuem hábitos noturnos. Produzem durante toda sua vida o campo elétrico e mantém sua freqüência fixa com precisão. Utilizam-se desta emissão para detectar objetos e organismos na água. Quando ocorre a existência de um objeto no campo elétrico, este sofre deformação e o peixe o detecta. Acredita-se que mais de 50% de todas as espécies de peixes de água doce ou emitem sinais elétricos ou então podem recebê-los através de órgãos especiais. Mas na maioria das espécies os sinais são muito fracos para que possamos detectá-los, mas os próprios peixes possuem sensores capazes de percebê-los.

Citarei agora as três famílias mais conhecidas:
Gymnotoide - como representante desta família temos o sarapó, peixe este que emite sinais com freqüência média de 50 Hz (hertz). Este espécime pode atingir 45 cm de comprimento.
Sternopygidae - esta família em lugar de pulsos produz ondas. Temos como representante o ituí transparente, do gênero Eigenmania, que produz uma freqüência que varia de 200 a 500 Hz.
Apteronotoide - possuem os ritmos mais regulares conhecidos no mundo. Produzem as freqüências mais altas que vão de 700 a 2100 Hz. No gênero apteronotus temos o conhecido ituí cavalo.

Comportamento: são agressivos com peixes menores. Tem hábitos noturnos, e é comum vê-los deitados sobre o solo do aquário durante o dia. Devemos construir tocas para eles se abrigarem.

Condições de água: pH abaixo de neutro. A temperatura deve estar entre 22 -28°C. Evite mudanças bruscas de temperaturas, pois, eles são sensíveis a estas variações.

Alimentação: são onívoros, então podemos e devemos ministrar-lhes alimentação variada. Tem predileção por alimentos vivos.
É possível tornar audíveis os sinais gerados por um ituí cavalo ou um ituí transparente, através de aparelhos eletrônicos. Para se captar o campo elétrico é necessário mergulhar dois eletrodos na água ligados ao aparelho. Para a experiência o aquecedor deve ser desligado, pois, interferiria na recepção. Com a movimentação do peixe podem haver pontos de neutralização. Com este aparelho ouvimos uma espécie de apito contínuo que sofre modulações.
Estas pequenas modulações acredito que tenham sentido comunicativo. Percebi isto, colocando primeiramente um único ituí transparente no aquário e fiquei monitorando; depois de algum tempo coloquei outro ituí transparente e pude constatar que a freqüência do primeiro se modulava enquanto agredia o outro, provavelmente estava demarcando seu território, e o segundo enquanto era atacado emitia uma modulação mais baixa.
Conclui então, que esta modulação ocorre em volume, sendo a freqüência sempre fixa. Isto significa também que o campo elétrico gerado por estes peixes tem papel importante não só na locomoção deste, principalmente durante a noite, mas possivelmente também na comunicação entre esses espécimes.

Decidi verificar se os dois peixes agiam assim por instinto ou se havia realmente uma comunicação entre eles. Então simulei eletronicamente um peixe elétrico. Liguei o simulador aos eletrodos e experimentei variar a freqüência e notei que conforme esta, eles recuavam, ficavam indiferentes, e até atacavam os eletrodos.
É possível que eles reconheçam a sua e outras espécies elétricas através da freqüência que estes emitem, mas, não se comunicam usando apenas a freqüência. Então resolvi modular a freqüência variando a diferença de potencial (d. d.p.). Tomando como base os mesmos peixes da experiência anterior, liguei o aparelho e variei primeiramente a freqüência até o ponto em que os dois peixes continuassem a agir naturalmente. Provavelmente eles reconheceram o sinal como um peixe de sua espécie. Conforme modulava a freqüência pude verificar mudanças nos seus comportamento as quais descrevo agora:
— ficavam indiferentes;
— se aproximavam dos eletrodos pacificamente;
— recuavam rapidamente;
— recuavam lentamente;
— atacavam o sensor agressivamente.
Percebi que estes peixes emitem um som contínuo quando se alimentam. Pelo fato de os dois peixes demonstrarem o mesmo comportamento, pude concluir que realmente eles se comunicam utilizando-se das modulações no campo elétrico controladas pelos seus cérebros.

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